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Bruno Avena e Gabriel Braga, da Litipay: queremos chegar a 1000 processos até o fim do ano (Litipay/Divulgação)
Repórter de Negócios
Publicado em 10 de junho de 2024 às 09h36.
A história da longa espera para receber o dinheiro de precatórios já é bastante conhecida. E foi um desses episódios que motivou a criação da Litipay, startup de antecipação de crédito judicial para pequenas causas e previdência. Com pouco mais de 3 anos, a plataforma de Salvador, na Bahia, negociou R$ 12 milhões em mais de 400 processos.
O modelo de negócio está ganhando um novo impulso com um cheque no valor de R$ 7,5 milhões, obtido com a SRM Ventures, vertical de venture capital da SRM Asset, gestora criada pelos irmãos Salim e Marcos Mansur.
O capital foi levantado a partir de um FIDC (Fundo de Investimento em Direitos Creditórios) warehouse estruturado com um volume de R$ 500 milhões. O formato de warehous (armazém em inglês) permite que diversas fintechs guardem as suas carteiras de crédito originadas nas transações em um mesmo veículo de investimento até que tenham um volume elevado o suficiente para criar um FIDC próprio.
Os recursos entrarão diretamente para o fluxo de caixa, permitindo que a startup compre mais processos judiciais. “Existem outras empresas que olham para este mercado e para precatórios, mas nós inovamos quando trazemos essa solução para o microcrédito, que são ações pequenas de tíquete mais baixo do que um precatório ou ação trabalhista”, afirma Bruno Avena, sócio-fundador da startup.
A criação da empresa veio após um problema pelo qual a família de Avena passou. O seu avô tinha um precatório estadual e após a morte do patriarca a família buscou informações sobre como proceder. Para sanar as dúvidas, Avena recorreu a Gabriel Braga, amigo desde a infância e advogado da área cível.
Entre uma conversa e outra, os dois perceberam que havia uma oportunidade para criar um negócio para causas menores. No dia a dia, a startup adquire ações já transitadas em julgado – quando não há possibilidade de recursos.
A Litipay começou com processos de consumidor, como ações contra companhias aéreas e instituições bancárias, e passou a incluir previdência. Com a mudança, o tíquete médio fica em torno de R$ 15 mil, mas a startup compra processos a partir de R$2.000 e em todo o país.
Para chegar aos clientes, a plataforma utiliza tecnologia para identificar processos parados na justiça e também conta com a ajuda de advogados, que começam a trazer ações dos seus clientes para a análise da startup.
A principal vantagem para quem vende o processo é receber antecipação o valor da ação, em cerca de 24 horas após a assinatura do contrato. Mas a agilidade tem um preço: um deságio em torno de 25%. “Depende da fase do processo e dos prazos. Tem varas judiciais que demoram de 6 a 10 meses. Então, nós fazemos esse deságio de acordo com a rentabilidade que vamos atingir”, diz Braga.
Com a entrega dos novos recursos, a startup estima antecipar mais de 1.000 processos até o fim do ano, aumentando em até 400% o número de operações versus 2023.
A captação também busca posicionar o modelo para que a startup possa chegar com números mais robustos em uma futura rodada de equity. Até aqui, o negócio rodou com capital próprio e consumiu recursos em torno de R$ 1,8 milhão.
“Nós operamos uma carteira com capital próprio e agora estamos dentro de um FDIC que tem um nível de compliance muito maior. O próximo passo é ir pra uma rodada um pouco maior, um seed ou série A porque nós passamos por essa dor do caixa e aprendemos bastante. Agora é colocar dinheiro para realmente crescer”, afirma Avena.
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