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As organizações Social Good Brasil e A Banca promoveram, com financiamento da B3, formação em dados para 15 negócios da economia criativa em periferias de São Paulo (SP). Empreendedores que atuam com música, moda, cinema, design e artesanato foram beneficiados pelo programa gratuito.
Após encerramento da etapa virtual, os participantes do Laboratório de Dados Periferia Criativa se reuniram no final de março na Agência Popular Solano Trindade, na zona sul da capital. O último dia do curso contou com atividades práticas, mentorias e apresentações sobre dados e empreendedorismo em um espaço dedicado ao fomento da cultura.
Segundo Karoline Muniz, gerente de projetos na Social Good Brasil, o objetivo da iniciativa é democratizar o conhecimento de dados.
“Queremos capacitar estes empreendedores para que eles tomem decisões melhores, seja para a gestão financeira de seus negócios, seja para a resolução de problemas nos bairros onde vivem”, diz.
Durante o encontro, os empreendedores tiveram contato com especialistas —por exemplo, cientistas de dados e engenheiros de informação— para planejar soluções para dificuldades de suas empresas.
“Temos que usar os dados que já geramos de forma estratégica, que nos permita mostrar para parceiros e potenciais colaboradores que o que fazemos funciona, tem impacto e gera emprego e renda nas comunidades“, afirma Marcelo Rocha, o DJ Bola, fundador de A Banca.
Levar esse tipo de conhecimento a negócios culturais não é tarefa simples. De acordo com os organizadores do curso, existe certa “aversão aos dados” nesse meio, devido a “ideias equivocadas”, como a de que, para lidar com dados, é preciso saber programação de computadores.
“Outra questão é que estas iniciativas nem sempre se veem como negócios de fato. Eles precisam de um empurrão para se profissionalizarem”, afirma Muniz.
Na formação, A Banca e Social Good Brasil priorizaram a presença de mulheres, negros e pardos atuantes em diferentes segmentos da economia criativa, como música, design, artesanato, moda e cinema. “Levamos em consideração, também, a diversidade regional, contemplando as quatro zonas de São Paulo”, afirma Muniz.
Um dos negócios presentes foi o Rimadores do Vagão. O coletivo de MC’s e beat boxers reúne jovens de zonas periféricas que fazem apresentações de hip hop no interior de trens suburbanos e das linhas do metrô na capital paulista.
“O coletivo tem a ideia de ajudar artistas a saírem de um sistema financeiro em que eles não querem estar, por exemplo, um bico ou trabalho de entregador, para se dedicar ao freestyle no vagão e conseguir se sustentar com ele, podendo ganhar até mais do que nesses outros trabalhos [convencionais]”, explica o CEO do grupo, Kagibre.
Outro empreendimento que participou do laboratório foi a Nova Guarda Records, produtora musical e audiovisual do Jardim Ângela, na zona sul de São Paulo, que apoia jovens artistas independentes da periferia.
“Ofertamos serviços dentro da quebrada e queremos usar a música como ferramenta de transformação social“, diz Decoff, artista e cofundador do selo.
Para o DJ Bola, de A Banca, todos os participantes do programa geram impacto social em algum nível em seus locais de atuação: “Eles criaram iniciativas para suprir uma necessidade pessoal ou algum tipo de ausência de política pública, provocando microrrevoluções em seus territórios e segmentos”.
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