Na Via, um novo plano de austeridade – Pipeline

28 de agosto de 2023

Por Adriana Mattos — São Paulo

Sob novo comando desde abril, quando começou a trocar parte de sua diretoria, a Via lança um plano para tentar interromper o cenário de queima de caixa recente e voltar a ser lucrativa — questões que estão no centro das críticas do mercado nos últimos anos. Há pouco, a diretoria liderada por Renato Franklin apresentou um conjunto de medidas mais duras (algumas já efetivadas e outras em curso) que muda a agenda da companhia no curto prazo e pretende transformar o negócio até 2025.
Dona da Casas Bahia e do Ponto (ex-Pontofrio), a Via já reduziu em 25% sua estrutura organizacional, com um corte de seis mil pessoas até agosto (quase 15% do total de empregados) e vai fechar mais 30 lojas, além das 20 já encerradas. Outras 50 também podem ser encerradas, a depender dos resultados. Isso responde por cerca de 10% da base de lojas ao fim de 2022.
Franklin, que presidiu a Movida por quase 10 anos, diz que o grupo varejista está focado em reduzir riscos de execução, concentrando equipe e capital naquilo que consegue fazer melhor, e com isso, tentar gerar eficiência e caixa.
“Definimos o que dá dinheiro rápido e vamos explorar isso. Aquilo que não dá, vamos deixar para depois. Revisamos os projetos, a estrutura de custos, as prioridades. A ordem é tomar medidas para ter caixa positivo e, sobrando recursos, lá na frente, numa segunda etapa, teremos um projeto maior de crescimento”, disse Franklin. “Não vamos explorar agora todo o potencial da empresa, porque ela pode muito mais, mas não vou prometer agora algo que eu não posso entregar. Temos um trabalho a fazer para melhorar balanço e recuperar a confiança do mercado antes.”
Renato Franklin, ex-CEO da Movida, no comando da Via: "definimos o que dá dinheiro rápido" — Foto: Silvia Zamboni/Valor
Em custos fixos, além do fechamento de até 100 lojas com margens negativas, o plano inclui a revisão de contratos de locação e ações para melhorar produtividade dos centros de distribuição, num ganho projetado de R$ 240 milhões ao lucro antes do imposto de renda e contribuição social. Outros R$ 370 milhões estão estimados com revisão de equipe do corporativo (desligamentos de diretores já anunciados), e mais R$ 200 milhões com redução de gastos de marketing. Soma-se a isso, R$ 250 milhões com medidas para aumentar penetração do carnê do grupo.
Sobre estoque especificamente, nível que chegou a superar o equivalente a 140 dias de venda na empresa em 2021, com a crise global de abastecimento na época, a meta é alcançar 90 dias neste ano — o segundo trimestre fechou em 98 dias. Há, naturalmente, efeito em margem com as liquidações em andamento na rede, algo que o mercado pode prever impacto, mas ajuda a reduzir custo fixo de capital, diz o CEO.
A Via ainda quer sair de 23 categorias de produtos que até registram uma venda boa, mas não se pagam, pelo elevado custo de parcelamento e gastos com marketing, por exemplo. “Estamos migrando essas categorias para o 3P. Aí eu libero nisso mais R$ 150 milhões de estoques para o caixa”, afirma o presidente.
Para um gestor que tem papéis de varejo, não chega a ser um “cavalo de pau” na empresa — algumas dessas medidas no passado até foram tomadas, como cortes e fechamentos de pontos — mas há uma “puxada de freio mais estrutural”, na visão de um gestor que analisou ontem as medidas rapidamente. “É meio um choque de realidade", define.
Sobre eventual oferta de ações da empresa, para recompor o caixa de forma mais rápida, Franklin diz que não dá para seguir esse caminho num cenário em que a empresa ainda não consegue entregar resultados. “Olhamos todas as possibilidades de captação, mas não tem como ir à mercado e falar em follow-on ainda”, diz o CEO, com os pés no chão.
Na estrutura de capital, a companhia está fazendo mudanças no modelo de funding do crediário através de FIDCs, e não mais de bancos, o que tem potencial para liberar até R$ 5 bilhões em recursos. A Via vem monetizando ativos numa soma que pode chegar a R$ 4 bi neste ano, mais da metade disso referentes a créditos fiscais.
O "plano de transformação de 2025" foi divulgado junto com o balanço do segundo trimestre e mostra a urgência de um plano mais sustentável. A companhia teve prejuízo de R$ 492 milhões, somando quase R$ 800 milhões em perdas na primeira metade do ano.
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