Ministério do Meio Ambiente pressiona empresas por solução para resíduos de produtos – UOL

20 de junho de 2024

Acesse seus artigos salvos em
Minha Folha, sua área personalizada
Acesse os artigos do assunto seguido na
Minha Folha, sua área personalizada

benefício do assinante
Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.
benefício do assinante
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Gostaria de receber as principais notícias
do Brasil e do mundo?
benefício do assinante
Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.
benefício do assinante
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
O sistema de logística reversa brasileiro —que avança a passos lentos e é cercado de críticas— deve enfrentar, nos próximos meses, um aumento da cobrança por resultados de reciclagem efetivos, e a pressão sobre os responsáveis pelo cumprimento de metas vai subir.
O Ministério do Meio Ambiente (MMA) vem preparando uma série de novos decretos e portarias para detalhar as funções de cada agente no processo de destinação adequada do lixo. Segundo o secretário nacional de Meio Ambiente Urbano, Adalberto Maluf, a ideia é organizar os dados, coibir fraudes e identificar maquiagens de números.
“Muitas vezes, nem o CEO da empresa sabe [se sua meta de logística reversa está sendo cumprida]. Então, vamos colocar decreto para tudo. Vamos levantar a régua. Todo mundo vai ter que fazer”, diz Maluf.
O debate gira em torno da seguinte questão: de quem é a responsabilidade pela destinação ambientalmente adequada de um resíduo quando o consumidor compra uma embalagem descartável de xampu, descarta o celular de modelo antigo ou troca um pneu velho de seu carro?
Desde a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS), em 2010, existe no país a obrigação de que fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes de diversos setores destinem adequadamente o lixo que a sociedade descarta depois de usar seus produtos.
“Não é só o dono da marca [do produto] que tem de cumprir meta de reciclagem. Quem fabrica a embalagem, quem envaza, quem vende, todos têm metas, que não são voluntárias”, diz Maluf.
“A lei brasileira fala de responsabilidade compartilhada entre fabricante, importador, distribuidor e comerciante. Os decretos vão explicar com clareza. No modelo europeu, está consagrada a responsabilidade estendida do produtor (REP), que é o dono da marca. Mas, no Brasil, essa responsabilidade é compartilhada até com o consumidor, que precisa levar o resíduo até o ponto de coleta”, explica.
Série Além do Lixo trata dos desafios e oportunidades da gestão de resíduos no Brasil

Na avaliação do secretário, ainda é preciso melhorar os critérios dos relatórios de resultados produzidos pelas chamadas entidades gestoras, que representam as companhias na implementação da logística reversa, consolidam e divulgam os números da reciclagem de cada setor.
Segundo Maluf, há casos de entidades gestoras que declaram um determinado resultado de recuperação de resíduos para o ministério, mas apresentam dados discrepantes para o mercado.
O secretário afirma que já fez parcerias com o Ministério Público e com a Receita Federal e está concluindo acordos com as Receitas estaduais para cruzar dados de prestação de contas dos volumes de produtos vendidos com o total de resíduo recuperado.
Na prática, a logística reversa abrange um conjunto de medidas como a instalação de pontos de entrega voluntária (PEVs), a estruturação de cooperativas com centrais de triagem mecanizadas ou manuais, e outras iniciativas que incentivem o retorno do produto após o uso para as fábricas ou seu encaminhamento para a reciclagem.

Para funcionar, o processo exige o encadeamento das atribuições de diversos agentes, ou seja, o consumidor devolve uma embalagem de medicamento ao comerciante, e o distribuidor vai enviar ao fabricante ou importador, que dará a destinação adequada ao resíduo.

A PNRS de 2010 prevê, genericamente, que a logística reversa deve ser implementada pelos fabricantes, importadores, distribuidores e comerciantes, mas o detalhamento da implementação ao longo dos anos, nas principais indústrias, foi feito por meio negocial, ou seja, em contratos assinados por acordos setoriais e termos de compromissos. Tais instrumentos detalham forma de financiamento, obrigações de cada elo da cadeia de fornecimento, forma de participação dos consumidores e metas.
Para Adalberto Maluf, a assinatura de acordos setoriais e termos de compromisso foi útil no passado, enquanto os decretos são mais adequados ao momento atual.
“Lá em 2015 [quando foi assinado um grande acordo setorial da logística reversa que regulamenta o fluxo das embalagens], o setor privado não tinha maturidade. Em 2020, dez anos depois da PNRS, esses acordos se tornaram frágeis porque, se as empresas não cumprem, não tem como responsabilizá-las. Acordo setorial foi importante para dar maturidade à logística reversa, mas agora nós fizemos as nossas contas e vamos fazer decretos por tipo de material”, afirma.
Além da promessa de maior escrutínio pelo ministério, o mercado terá de se adaptar à virada da meta de recuperação de embalagens prevista no Planares (Plano Nacional de Resíduos Sólidos), instituído por decreto em 2022.

Neste ano, a meta obrigatória para a recuperação de embalagens pós-consumo salta de 22% para 30%, o que deve acelerar o aperfeiçoamento do sistema de logística reversa no país, segundo o advogado Fabricio Soler, da consultoria S2F Partners, especializada em resíduos.
“Será um ano importante para mensurar resultados, entender desafios e dar um direcionamento para reforçar os investimentos de estruturação da cadeia. Acredito que nos permitirá entender com mais clareza qual é o tamanho da reciclagem de embalagens no Brasil, os materiais que têm sido recuperados, as regiões com melhores índices e os próprios desafios, por exemplo, que levam a coletas menores em alguns estados”, afirma Soler.
Para Carlos Silva Filho, presidente da International Solid Waste Association (ISWA), os números estão muito distantes do potencial de riqueza que o país pode gerar a partir de seu lixo.
“Até 2022, não tinha meta clara, e tudo era negociado em cada acordo. A partir do Planares, tem meta, e a primeira é em 2024. Só que o país continua com um universo limitado de empresas que o cumprem”, diz Filho.
Para ele, a discrepância entre os valores de logística reversa homologados pelo Ministério do Meio Ambiente e os números exibidos em muitos dos relatórios apresentados por empresas ao mercado mostra que o chamado greenwashing [falsas alegações sobre sustentabilidade e circularidade] superestima os resultados.
“Se o Brasil gera aproximadamente 80 milhões de toneladas de resíduos sólidos urbanos por ano, e um terço disso são fração seca, como papel, papelão, plásticos e alumínio, o nosso potencial de aproveitamento desses resíduos seria 25 milhões de toneladas. Em dois anos, só foram certificados 2 milhões de toneladas, ou seja, muita gente não está fazendo nada nesse processo”, diz Silva Filho.
benefício do assinante
Você tem 7 acessos por dia para dar de presente. Qualquer pessoa que não é assinante poderá ler.
benefício do assinante
Assinantes podem liberar 7 acessos por dia para conteúdos da Folha.
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Leia tudo sobre o tema e siga:
Você já conhece as vantagens de ser assinante da Folha? Além de ter acesso a reportagens e colunas, você conta com newsletters exclusivas (conheça aqui). Também pode baixar nosso aplicativo gratuito na Apple Store ou na Google Play para receber alertas das principais notícias do dia. A sua assinatura nos ajuda a fazer um jornalismo independente e de qualidade. Obrigado!
Mais de 180 reportagens e análises publicadas a cada dia. Um time com mais de 200 colunistas e blogueiros. Um jornalismo profissional que fiscaliza o poder público, veicula notícias proveitosas e inspiradoras, faz contraponto à intolerância das redes sociais e traça uma linha clara entre verdade e mentira. Quanto custa ajudar a produzir esse conteúdo?
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.
De 2ª a 6ª pela manhã, receba o boletim gratuito com notícias e análises de economia
Carregando…
De 2ª a 6ª pela manhã, receba o boletim gratuito com notícias e análises de economia
Carregando…
Prefeitura de SP faz mutirão do Cadastro Único na zona sul nos dias 23 e 30 de junho
Podcast discute o combate à exploração sexual de crianças e adolescentes; escute
Prefeitura inaugura 7ª Vila Reencontro que também oferece moradia para pessoas com deficiência
Sempre inovando, Shopping Eldorado é referência em lazer e gastronomia
Luta histórica de Anderson Silva inaugura o Spaten Fight Night
Líder em educação a distância, Vitru passa a negociar ações na B3
Especialista explica vantagens da Previdência Privada
Amstel celebra a diversidade, o respeito e o amor na Parada
Especialista explica vantagens da Previdência Privada
Cana-de-açúcar é aliada da transição energética
Americanas e Gerando Falcões fecham parceria para empoderar as mulheres
Nova capa histórica mostra show de Senna na chuva em Mônaco e primeiro pódio na F1
Cresce adesão de brasileiros a seguros de vida
Da Faria Lima ao aeroporto de Guarulhos em apenas 8 minutos
25 anos após criação da Lei nº 9.787, genéricos ampliam acesso do brasileiro à saúde
Leis que visam acelerar diagnóstico e tratamento de câncer são descumpridas
Diagnóstico precoce é chave para reduzir mortes por câncer
Enel anuncia investimento de R$ 18 bi em geração e distribuição
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Mulheres viajam por terra e por ar a cidades como Rosário para interromper gravidez no país que legalizou prática em 2020
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Falta um voto para formar maioria na corte; discussão se arrasta desde 2015 e foi paralisada em diversas ocasiões
Recurso exclusivo para assinantes
assine ou faça login
Deputados e senadores vão participar de festividades juninas e do 12º Fórum Jurídico de Lisboa
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.

O jornal Folha de S.Paulo é publicado pela Empresa Folha da Manhã S.A. CNPJ: 60.579.703/0001-48
Copyright Folha de S.Paulo. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.
Cadastro realizado com sucesso!
Por favor, tente mais tarde!

source

Você está lendo:

Ministério do Meio Ambiente pressiona empresas por solução para resíduos de produtos – UOL

Facebook
Twitter
LinkedIn
Posso ajudar?
1