Live shop: proposta de vendas promete impulsionar negócios e … – Eu, Estudante

3 de setembro de 2023

No universo das lives, que ficaram muito mais populares durante a pandemia de covid-19 no Brasil, uma nova onda vem ganhando força: a união de uma transmissão ao vivo e vendas. O chamado live shop traz a ideia de vender produtos ao vivo com o objetivo de aproximar o consumidor da marca, humanizando a experiência de compras on-line.
Na mesma corrente, emerge uma nova profissão, a de live seller, a pessoa responsável por fazer a apresentação e venda de um produto ou serviço de forma personalizada e respondendo as dúvidas dos consumidores, que interagem em tempo real.
Evelyn Marques é uma das maiores especialistas em live shop do Brasil, e considera que a prática é “um novo estilo de vida”. Para ela, esse formato de vendas pode complementar as estratégias de comercializar de pontos físicos ou e-commerce, potencializando a venda dos produtos e expandindo o empreendimento.
“Atualmente, fazer parte do comércio onLIVE é essencial para o posicionamento de qualquer empresa. Além de ser um facilitador para as vendas, feito da maneira correta e com profissionais capacitados, é uma estratégia que gera ainda mais credibilidade para qualquer empreendimento”, destaca.
Fernanda Faveron, que trabalha como live seller e teve Evelyn como mentora, argumenta ainda que o grande diferencial da função é realizar uma venda personalizada para solucionar dúvidas dos consumidores, que têm a oportunidade de interagir ao vivo durante uma transmissão. “Vender via live faz com que você conheça de perto a sua audiência”, frisa.
A ideia é que negociação ocorra de uma forma mais humanizada e que aproxime o consumidor do produto. “Gera curiosidade e desperta a necessidade de compra, o que fideliza instantaneamente o cliente”, complementa Fernanda. 

  • Fernanda Faveron, Live Seller Arquivo Pessoal

O live shop surgiu na China, em meados de 2015. Inicialmente, o público consumia transmissões de musicais e de games. De acordo com Evelyn, esse setor já estava amadurecido e consolidado no mercado chinês quando começou a chegar no Brasil.
Já em 2020, essas lives surgiram por inspiração e reflexo do sucesso na China. Além disso, por ter surgido pouco antes da pandemia, a necessidade de realizar vendas on-line de uma forma diferente e mais humanizada se tornou uma necessidade para o mercado.
“Eu acredito que o live shop sempre esteve presente, porém em outros meios de comunicação, não nas redes sociais. A pandemia serviu como um impulsionador para a profissão, que se reinventou. Haja vista os famosos programas televisivos dos anos 1980 e 1990, que já vendiam ao vivo em rede nacional. Hoje, temos uma versão reinventada, mais contemporânea e acessível”, avalia Evelyn. 

  • Evelyn é uma das maiores especialistas em live shop do país Arquivo Pessoal

A live seller mora na China desde 2015 e conta que foi apresentada diretamente ao live shop só em 2018, quando fazia estágio em uma empresa de moda. Formada em negócios da moda, ela começou na área fazendo transmissões em inglês para o público chinês, apresentando as peças da loja em que trabalhava, com dicas de moda e de estilo. “Essas lives tinham duração de até oito horas direto”, relembra.
Contudo, a especialista prevê que cada vez mais surgirão novas profissões voltadas para o empreendedorismo digital. “A praticidade de poder trabalhar de qualquer lugar, sem limites geográficos, estimula o empreendedorismo digital, que acaba formando novos profissionais”, defende.

  • Jeysel Martins, da Dubba: universo de oportunidades Arquivo Pessoal

Jeysel Martins, Chief Information Officer (CIO) da empresa Dubba Live Shop, que desenvolveu aplicativo pioneiro no Brasil, revela que o mercado já estava sendo monitorado desde 2019, uma vez que tinha grande impacto em países asiáticos, movimentando aproximadamente 160 bilhões de dólares. 
“Acreditamos nesse mercado por ser um mecanismo de venda mais humanizado frente aos e-commerce tradicionais. Isso traz um universo de oportunidades e merece muita atenção dos lojistas”, acentua.

  • Democratização de live shops beneficiará país, diz Gabriel Silva Arquivo Pessoal

Gabriel Silva, Chief Technology Officer (CTO) da Dubba, avalia que o live shop ainda é restrito no país por falta de um canal democrático e por dificuldade de acesso a ferramentas de venda do tipo, mas o considera um mercado em ascensão. “Onde há inovação, há oportunidade de investimento. Seja em tecnologia, seja em vendas ou em infraestrutura associada à solução, por exemplo, cowestudios (áreas de estúdios compartilhados para live sellers)”, explica. “A democratização de live shops vai ter um efeito benéfico para o país, aquecendo o mercado e, possivelmente, criando novas formas de chegar ao comprador”, diz Silva.
“O Brasil tem tudo para ser uma grande referência em live shop. Somos uma das nações que mais utilizam redes sociais no mundo, só perdemos para Índia e Indonésia. A criatividade brasileira potencializa o cenário positivo. Não tenho dúvidas de que esse mercado tem muito a se expandir no Brasil”, destaca Gabriel também. 
Por ser recente, o live shop é um mercado em evolução no Brasil e que ainda não conta com um curso profissionalizante. Na China, existem cursos técnicos e de graduação. Isso não impede que brasileiros invistam na área. Para Evelyn, é ideal que aqueles que desejem ser profissionais em live shop sejam comunicativos, espontâneos e tenham conhecimentos em marketing, internet e estratégia de conteúdo.
Já Fernanda defende que, para realizar um bom trabalho como live seller, é preciso saber se comunicar de forma clara, empática, e que tenha energia e disposição. Além disso, saber encarar a câmera como se fosse um melhor amigo. “É um bate-papo descontraído, leve, porém com técnicas e muita preparação no momento anterior à realização da live”, frisa. 
Outra vantagem do trabalho é que pode ser realizado com poucas ferramentas e não tem limite geográfico. “Você precisa, no mínimo, de um celular, iluminação adequada e uma boa conexão de internet. Com estes requisitos materiais, você pode realizar uma live shop de qualquer lugar”, destaca Fernanda. 

  • Ricardo Robson, do Sebrae-DF, alerta que é preciso ter estratégia para negócios online Arquivo Pessoal

Ricardo Robson, gerente de Atendimento Personalizado do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas no DF (Sebrae-DF), alerta, no entanto, que é preciso avaliar se o uso de ferramentas digitais para vendas está, de fato, alinhado ao modelo de negócios da empresa. “Deve ser estruturado com uma boa estratégia, com um bom processo de comunicação, para que se gere engajamento e isso, consequentemente, acabe revertendo no aumento da comercialização dos seus produtos ou serviços”, argumenta.
Para o caso de empresas que trabalham de maneira presencial, Ricardo frisa que o modelo também pode ser utilizado, mas que sempre com uma boa estratégia por trás. “Não existe a receita de bolo. O ideal é que essa estratégia seja bem estruturada, considerando a relevância do ambiente digital e do ambiente presencial, ou seja, esse multicanal, para potencializar os processos de comercialização dos produtos e serviços”, afirma. 
O especialista argumenta ainda que as vendas on-line devem ser vistas como um dos canais de comercialização e de divulgação dos seus produtos e serviços, e não o único. “Porque a composição dos canais que ele vai comercializar é que vai garantir a eficiência da estratégia de marketing desse produto ou serviço que a empresa está vendendo ou comercializando”, avalia.
É um trabalho que pode ser realizado com poucas ferramentas e não tem limite geográfico. Precisa,
no mínimo, de: Um celular Iluminação adequada Uma boa conexão de internet
Qualquer segmento da economia pode se beneficiar do live shop para vender produtos e serviços.

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