Fala do conselheiro federal se deu no XIII Encontro de Economistas da Região Centro-Oeste, realizado em Goiânia
Durante o XIII Encontro dos Economistas da Região Centro-Oeste (Eneoeste), realizado nos dias 06 e 07 de julho, o conselheiro federal Lauro Chaves Neto realizou uma palestra abordando dois assuntos principais: desenvolvimento sustentável e redes de negócios. Ele falou no painel “Inovação e cooperação empresarial: como a colaboração entre empresas pode impulsionar o desenvolvimento sustentável”, no segundo dia do evento.
“As pessoas ainda não entendem a gravidade da questão da sustentabilidade. Há 20 anos, na Universidade de Barcelona, o professor de climatologia já estava alarmado com as transformações climáticas globais”, comentou o economista. “Trabalho com um plano diretor de município, e no Ceará temos regiões de praia. As pessoas dizem: se nós preservarmos essas dunas, não haverá empreendimento. E eu digo: ao contrário, se preservarmos, vamos agregar valor para os negócios aqui na praia”.
Enquanto o ESG, a economia circular e a ecoeficiência são avanços desta área, Chaves enfatiza também a importância do planejamento territorial. “O desenvolvimento ocorre num local específico, delimitado intencionalmente por nós, e o desenvolvimento ocorre no local. O Centro-Oeste ainda tem muita oportunidade de planejar cidades em vez de ocupar cidades dispersas, onde o passivo econômico e ambiental é maior”, comentou. “Falo de uma cidade compacta, onde as pessoas possam ir à escola e trabalhar caminhando ou de bicicleta. Fui perguntado sobre este programa de incentivo à compra de carros. A lógica deste programa está totalmente errada. Vamos dar subsídio para transporte individual com combustível fóssil?”.
As redes negócios são um tema importante quando se fala de desenvolvimento sustentável. “É preciso ter uma articulação para que a riqueza gerada no território seja retida no território”, afirmou o economista. “As redes existem para aumentar a competitividade, e ela só aumenta se nós trabalharmos as sinergias do negócio, do nível micro ao nível macro. Essa sinergia tem que ser explorada ao máximo. Se essa rede não for trabalhada os recursos serão exauridos gerando resíduos e internalizando muito pouco. A comunidade local não se desenvolve”.
Mas Chaves também aponta que há uma série de gargalos quando se fala em redes de negócios. “A primeira pergunta é se eu vou entregar o ouro para o concorrente. Não é seu concorrente, é seu parceiro. Você não vai dizer a ele como faz a sua pizza, mas vai comprar formas junto com ele, o queijo junto com ele, e os dois ganham mais”, argumentou. “Hoje com a globalização e a transformação digital, as redes de negócios podem estar geograficamente distribuídas. Um menino pode desenvolver um aplicativo no interior de Goiás e vender para uma empresa na China ou na Suécia”.
Al falar sobre conectividade, o conselheiro federal deu um exemplo da diferença entre as gerações. “No meu tempo marcávamos um encontro num cinema ou em outro lugar, e no horário marcado nós estávamos lá. Hoje os jovens nem marcam, porque já estão conectados, e quem somos nós para dizer que eles não estão juntos?”, questionou. “São eles que vão fazer as redes de articulações sem a estrutura institucional hierárquica que nós nos acostumamos a trabalhar. Será outra realidade”.
As redes de negócios, aponta Chaves, devem ter objetivos e propósitos claros. “Aonde ela quer chegar? Qual o impacto que ela quer provocar? Hoje temos empresas que querem ganhar dinheiro, mas com um propósito. Elas querem ser rentáveis, mas têm um impacto”, comentou. “Além dessas questões, temos outras: as pessoas têm que saber como participar das redes. Às vezes não se define como cada um vai contribuir e, quando isso acontecem, elas perdem a essência e se tornam uma rede de faz de conta”.
O economista apresentou o conceito de economia circular e as dificuldades de implementação. “No cenário ideal você produz milho, leite, vai produzir subprodutos, o doce, e o resíduo do leite vai servir para alimentar a pocilga, e o porco vai servir para outra coisa, fazendo com que não haja resíduos ou que haja pouquíssimos. Não se consegue isso de maneira organizada em larga escala. Mas, dentro do território, é possível fazer muito”, explicou. “Veja algo simples, coleta seletiva de lixo. Algumas cidades têm alguma coisa. Aí o caminhão passa, pega tudo separado e coloca junto. Ou seja, faz de conta. O conceito da economia circular ajuda muito o desenvolvimento do negócio. Na prática, ainda precisa ser desenvolvido”.
Por fim, Chaves abordou o ESG (sigla em inglês para ambiental, social e governança corporativa). “Aquilo que falei da economia circular, o ESG, na parte de sustentabilidade, já faz nas empresas. Na Federação das Indústrias do Ceará temos um núcleo ESG e um selo ESG. As empresas passam por uma verificação, a Veritas Internacional faz a auditagem. Isso são questões pontuais, e quando você dissemina, cria bases para a economia circular”, pontuou. “As redes têm muito a contribuir para o desenvolvimento sustentável, e o desenvolvimento sustentável tem muito a contribuir com nossos netos, bisnetos e futuras gerações”.
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