O Brasil vive uma onda de pedidos de recuperação judicial. O número de empresas que jogaram a toalha e acionaram a Justiça cresceu 80% nos quatro primeiros meses deste ano, em comparação ao mesmo período do ano anterior.
Os dados são do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da Serasa Experian, que mostram 685 pedidos nos quatro primeiros meses deste ano, contra 382 no intervalo anterior. No ano passado, os pedidos já haviam acelerado 68,7% ante 2022, ano em que começou a trajetória de alta dos pedidos de recuperação judicial.
O mercado vê o movimento como um efeito da alta dos juros no total dos passivos, que fizeram as dívidas das empresas dispararem entre 2021 e 2022.
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A seguir, veja empresas que entraram em recuperação judicial recentemente ou estão em crise.
A rede espanhola Dia entrou em março deste ano com pedido de recuperação na 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais de São Paulo, por causa de uma dívida de R$ 1,1 bilhão.
A operação brasileira da rede de supermercados foi vendida para um fundo em meio a uma crise que envolve a concorrência com o atacarejo e lojas sucateadas.
A venda da operação brasileira do Dia foi anunciada na sexta-feira (31). O negócio foi vendido pelo valor simbólico de 100 euros para um fundo estruturado pela MAM Asset Management, que pertence ao Banco Master.
Em março, o Dia anunciou o fechamento de mais de 300 lojas e três centros de distribuição no Brasil. A decisão veio após resultados negativos no último ano.
A Justiça de São Paulo aceitou, no dia 20 de maio, o pedido de recuperação judicial da rede de varejo Polishop. A dívida acumulada da empresa é de R$ 395 milhões. Dezenas de lojas da rede foram fechadas desde 2023.
Em abril, a empresa obteve proteção judicial contra credores e ordem de despejo. A decisão deu um fôlego à varejista para que as atividades nas lojas não fossem suspensas.
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A decisão da Justiça determina que a Polishop apresente as suas contas mensalmente, sob pena de afastamento dos seus controladores e administradores. Isso inclui extratos, impostos e encargos sociais que a empresa venha a ter.
Em outubro de 2023, quem também entrou com pedido de recuperação judicial foi a SouthRock Capital, administradora de marcas internacionais no Brasil como Starbucks, Subway e Eataly.
O fundo de investimentos diz que a decisão foi tomada para proteger financeiramente algumas de suas operações no país e ajustar seu modelo de negócio à realidade econômica.
O pedido na Justiça cita dívidas de R$ 1,8 bilhão. A decisão ocorreu dias após a Starbucks Brasil ter perdido o direito de uso da marca no país. Segundo a SouthRock os desafios econômicos resultantes da pandemia, a inflação e as taxas de juros elevadas agravaram os desafios para o negócio.
A Zamp, que controla o Burger King e o Popeyes no Brasil, anunciou a compra da rede de operações do Starbucks por R$ 120 milhões nesta quinta-feira (6). A efetivação do negócio ainda depende da análise e da autorização do Judiciário.
Já a controladora da marca Subway nos Estados Unidos afirma ter rescindido o contrato de franquia com a empresa brasileira em outubro de 2023, retomando o controle de suas operações no país.
Em janeiro de 2023, o anúncio de um rombo de R$ 20 bilhões nas contas da Americanas causou rebuliço no noticiário econômico. A dívida levou a empresa à recuperação judicial.
A fraude contábil das lojas Americanas, seguida do pedido de recuperação judicial, fizeram suas ações serem excluídas de todos os índices da Bovespa, a bolsa brasileira. Desde então, os investidores monitoram o processo de ajuste da companhia.
No mês passado, a empresa adiou a divulgação de suas demonstrações financeiras relativas ao ano de 2023 e do primeiro trimestre de 2024, estimada para 28 de maio. A companhia pretende divulgar os resultados até 31 de julho.
No final do mês, as ações da Americanas foram vendidas a R$ 0,34, a menor cotação histórica da empresa.
A Justiça do Rio de Janeiro homologou em outubro do ano passado o plano de recuperação judicial do Grupo Petrópolis, dono de marcas de cerveja como Itaipava e Petra. A companhia também é dona da cerveja Crystal e do energético TNT, entre outras marcas.
O processo de recuperação judicial estimava uma dívida inicial de R$ 4,2 bilhões.
Fundado na cidade de Petrópolis, na Região Serrana do Rio de Janeiro, o grupo se apresenta como a maior empresa com capital 100% nacional do setor, com oito fábricas no país, além de centros de distribuição.
Outra empresa que entrou em recuperação judicial em 2023 foi a M5, proprietária da marca M.Officer.
Em setembro do ano passado, o grupo teve seu pedido de recuperação judicial aceito pela Justiça de São Paulo. A dívida da companhia é estimada em cerca de R$ 53,6 milhões.
Criada por Carlos Miele há 30 anos, a empresa tem 12 lojas físicas em São Paulo, Bahia, Santa Catarina e no Distrito Federal, além de e-commerce. A marca de roupas, que já vestiu estrelas como Beyoncé e Bruna Marquezine, ganhou espaço sobretudo no segmento de roupas jeans.
Com presença constante em semanas de moda internacional, a empresa entrou em crise financeira devido à queda de 91% nas vendas durante a pandemia da covid-19, segundo representantes da companhia.
Por fim, o caso da 123 Milhas foi um dos mais comentados do ano passado e que tem desdobramentos até hoje. A agência de viagens entrou com pedido de recuperação judicial em agosto de 2023, com pedido na Justiça de Minas Gerais.
A empresa tinha parte da operação em venda de pacotes da linha promocionais e não atingiu o resultado que esperava. Mesmo a expectativa de que os clientes adquirissem outros produtos atrelados à viagem não ocorreu.
Além disso, a 123 Milhas diz que a crise foi agravada pelo “inesperado aumento e persistência dos altos dos preços das passagens no período pós-pandemia”.
Na semana passada, a Justiça de Minas Gerais ordenou que a empresa tenha um site com todas as informações para consulta de consumidores que foram lesados pela não entrega de serviços.
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