"A gigante verde acordou", escreve o analista Rafael Dias no relatório do BB Investimentos que inicia a cobertura da Eletrobras. Com uma visão positiva (e empolgada, até) sobre o futuro das operações da companhia, o banco recomenda a compra das ações (ELET3) com preço-alvo de R$ 51,10 para o fim de 2025 — um potencial de 47,5% em relação ao fechamento da quarta-feira, véspera da publicação.
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Com a desvalorização do papel no histórico recente — de janeiro até aqui, o papel registrou queda de 17,5% —, o BB acredita que o papel esteja descontado dado o potencial da companhia, sua diversidade de portfólio e a estabilização, finalmente, após um longo processo de privatização. Afinal, a Eletrobras ainda é a principal geradora de energia elétrica no Brasil, responsável por 23% da capacidade instalada do país, conforme destaca o relatório.
Além de um portfólio preparado para a transição energética, com quase todos os ativos posicionados em energia renovável, a companhia tem forte geração de caixa operacional e baixa alavancagem, nota o banco. O analista estimam o fluxo de caixa livre (FCFF) para 2024 em R$ 13,5 bilhões, o que leva a um múltiplo EV/Ebitda de 8,8 vezes. Outro fator que pesou para a recomendação de compra do papel foi a perspectiva para a distribuição de dividendos.
Embora, inicialmente, o analista assuma que a distribuição de dividendos deva obedecer somente ao percentual mínimo obrigatório, de 25% do lucro líquido, dado o processo de reestruturação corporativa, societária e financeira, a tendência é que a empresa remunere melhor seus acionistas conforme avance o plano de expansão do portfólio de ativos. O banco calcula um retorno por dividendo de 2,4% para este ano e de 3,3% para 2027.
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Como outra prerrogativa da companhia, o banco destaca ainda o vencimento dos contratos de reserva com usinas de energia térmica (mais cara e poluente) como parte das medidas do governo, tomadas cerca de 20 anos atrás, para conter a crise dos apagões. "Esperamos que esta inclusão das hidrelétricas nos leilões de reserva de capacidade seja um primeiro passo na valorização de atributos das usinas hidrelétricas com reservatório, com presença de destaque entre os ativos da Eletrobras", diz o relatório.
Entre os riscos listados, o analista destaca o contexto de pressão nos preços de energia no mercado livre; uma revisão potencial do componente financeiro da RBSE (Rede Básica do Sistema Existente), um tema que está em discussão na Aneel e pode alterar uma indenização bilionária que a empresa tem para receber até 2028; incertezas sobre as provisões de empréstimos compulsórios; os desafios na construção do projeto Angra III; e possíveis impactos financeiros decorrentes da obra, além de dúvidas sobre o modelo de governança pós-privatização.
A Eletrobras foi uma das seis empresas que o BB iniciou cobertura nesta semana. A lista inclui ainda Nubank, Cury, Vamos, Rumo e Raízen.
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