A empresa Engenho Café de Açaí, do Amapá, é reconhecida internacionalmente. Criada em 2020, durante a pandemia, a startup já conquistou o mercado alemão, para quem comercializa meia tonelada do produto, e está fechando uma remessa de uma tonelada para Nova Iorque, nos Estados Unidos. Ao aproveitar o caroço do fruto da região amazônica que seria descartado para fazer uma bebida aromática com características semelhantes ao café tradicional, reduzindo impactos ambientais e gerando emprego e renda, o negócio inovador dispõe de registro de marca, selo de origem, rastreamento, procedência e certificações. Alguns dessas conquistas foram alcançadas após a participação no programa Inova Amazônia, do Sebrae, que está com inscrições abertas.
“Durante a vida, já tentei vários negócios, mas nunca tive suporte como agora tenho do Sebrae. Quando apresentei o produto ao consultor, as portas foram se abrindo. O que eu precisava era dessa ajuda”, comenta a proprietária da Engenho Café Açaí, Valda Gonçalves da Silva, que fundou a empresa com o marido. “Foi no Inova Amazônia que recebi as melhores consultorias e fui bem amparada pelo Sebrae. Fomos acelerando nossa startup e preparando o produto para acessar o mercado”, completou.
A ideia de investir no produto surgiu de um problema que o casal via próximo de casa, com o descarte em lugares inadequados dos resíduos sólidos das agroindústrias do açaí. A empresária estima que cerca 24 toneladas de caroços do açaí, somente nas cidades de Macapá e Santana, iriam para o lixo todos os meses. “Em 2016, fizemos uma pesquisa sobre o que fazer com o caroço do açaí. Vimos biofertilizantes, biojoias, carvão, mas nada relacionado à bebida para o consumo humano. Fizemos vários testes, mais de 150, e vimos o grande potencial do pó. Nos tornamos a primeira empresa que se tem registro a fazer uso dos resíduos do açaí (caroços) para fins alimentícios”, comemora.
O café de açaí, como ficou conhecido, é uma bebida com características parecidas às do café tradicional, já que o processo de produção é o mesmo. A empresária conta que o consumo dessa bebida aromática traz inúmeros benefícios à saúde, pelo fato de encontrar quantidades significativas de vitaminas A, D, E, K, minerais, fibras, antioxidantes, entre outros.
“O Sebrae é um caminho asfaltado para quem quer empreender. O empreendedor que caminha com o Sebrae tem muito mais chances de chegar mais longe e mais rápido”, diz a empresária.
Ela tem produzido quatro toneladas do produto por mês, conquistando a clientela no Amapá e em outras regiões do país, além do mercado externo.
Inscrições para o Inova Amazônia
A Engenho Café de Açaí é uma das empresas que participam do programa Inova Amazônia do Sebrae, uma estratégia focada em fomentar, apoiar e desenvolver pequenos negócios, startups, empreendimentos e ideias inovadoras alinhadas à bioeconomia, que tenham como premissa a atuação direta ou indireta para preservação ou uso sustentável dos recursos da biodiversidade do bioma. No total, já foram investido R$ 23 milhões em ações de aceleração, bolsas, eventos, Sebraetec e missões internacionais (Alemanha e Portugal).
A coordenadora nacional do programa, Valéria Vidal, ressalta a importância de as empresas participarem do Inova Amazônia. “Ele é muito mais do que um programa de aceleração. Ele dá ferramentas para que essas ideias se transformem em startups e pequenos negócios inovadores que venham trazer soluções para a floresta”, explica. “A partir do momento em que temos esse novo modelo de negócio, que são inovadores e sustentáveis, o território e os atores da cadeia como um todo se desenvolvem”, comenta. Valéria ressalta ainda que o programa permite a conexão com potenciais compradores, investidores e parceiros.
Para este ano, as inscrições para participar do programa seguem abertas até o dia 3 de setembro. A seleção é voltada para empreendedores no ramo de produtos ou serviços de bioeconomia. O objetivo é incentivar e impulsionar o mercado de bionegócios sustentáveis. O formulário para preenchimento e o edital estão aqui.
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