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CEO Pedro Menezes, da Apololabs, desenvolveu uma tecnologia pioneira poderá revolucionar áo cenário médico nacional
João Monteiro / Ascom Fapeal
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas (Fapeal) continua apoiando projetos de inovação para a saúde, em conjunto com a Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Um case de sucesso é o da Apololabs. A startup, liderada pelo CEO Pedro Menezes, desenvolveu uma tecnologia pioneira que pretende revolucionar a acessibilidade e precisão dos exames auditivos, impactando não apenas Alagoas, mas também o cenário médico nacional.
O início da proposta surgiu ainda no doutorado de Pedro Menezes, entre 2004 e 2008, quando o pesquisador fez um equipamento de medições, com eletrodos que eram conectados à cabeça para emitir sons e captar a eletricidade causada pelo sistema nervoso central. Naquele período, não existia nenhum fabricante deste dispositivo no Brasil, e os preços para adquirir do exterior eram altos, custando, no mínimo, R$ 150 mil.
Tendo essa situação em vista, o professor universitário articulou uma solução: desenvolver o equipamento como empresa, para poder começar a distribuir. Só que existia um problema financeiro significativo: eram necessários outros materiais para calibrar o dispositivo, e eles também apresentavam custos elevados.
Para colocar sua ideia em prática o professor pensou: “primeiro, vou comprar os equipamentos de calibrar, porque eu já coloco o protótipo para funcionar, e depois negocio com alguma indústria, porque não vou ter pernas com a startup para fazer isso sozinho. No início, a empresa era só de calibração, e aí veio a pandemia, mas, ao mesmo tempo, tudo que eu desenvolvia queria que se tornasse eficaz, para que a pessoa lá na ponta, o usuário, pudesse se beneficiar de alguma maneira”, frisou ele, que é doutor em Física, aplicada à Medicina e à Biologia.
O objetivo do estudioso era que o paciente pudesse ter acesso a exames mais baratos, pois uma vez que se começasse a comercializar um equipamento acessível, o valor para a realização do procedimento iria ser reduzido.
“Em Alagoas, existe um potencial grande na área, porque existem apenas dois lugares que realizam este tipo de exame, afinal, trata-se de uma técnica bastante complexa”, diz o especialista, reforçando, que mesmo o profissional que sai formado da universidade, seja otorrinolaringologista, fonoaudiólogo ou neurologista, não tem a carga teórica ou prática suficiente para começar a realizar o procedimento.
Desenvolvimento e disponibilidade da ferramenta
Foi com a ajuda do programa da Fapeal que Pedro Menezes conseguiu criar um Produto Mínimo Viável (MVP), capaz de ser testado e validado. Com a evolução dos trabalhos, atualmente, o dispositivo se encontra na fase final de testes, funcionando e fechado para operar em algumas universidades, sendo quatro já assinadas e uma ainda em processo, que é a Universidade de São Paulo (USP). Estudantes da Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) – onde o professor atua – e da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) já começaram a usufruir da plataforma, entretanto, a expectativa é de que mais discentes de outras instituições iniciem o uso para validá-lo e assim colocar o software no mercado.
O aluno será capaz de abrir o aplicativo para estudar onde quiser e usá-lo até em casa. O app monta os experimentos, faz exames, permite o treinamento em qualquer local e ainda conta com a possiblidade de condições adversas, com muito ruído, rede elétrica ruim e aterramento inadequado. O intuito é que os discentes tenham um contato prático superior, a fim de estarem prontos até para marcar as ondas sonoras, o que também não é uma tarefa fácil.
A ideia é que o estudante possa aprender no processo junto com a IA, porque simular o exame é importante para o aprendizado, mas compreender junto com a ferramenta como marcar as ondas é uma evolução que proporciona o entendimento de todo o processo, desde sugestões de marcação até posicionamentos sobre diagnósticos.
“O apoio dado ao nosso projeto possibilitou a startup ser aprovada num programa que é três vezes o valor do Tecnova, para que agora a gente continue o projeto, e que ele não só simule como também faça análises com a Inteligência Artificial (IA)”, abordou o pesquisador.
Desafios e apoio da Fapeal
“Eu não tinha a menor noção de negócio. Eu sabia o que eu queria fazer e o que podia conseguir, mas não tinha menor consciência do que executar para aquilo virar um produto, e a Fapeal, junto à Finep, e também com a colaboração do Mentoring Team, foram fundamentais. O Mentoring foi essencial, porque lá encontrei pessoas especializadas em cada etapa do processo, que me ajudaram no desenvolvimento do produto”, citou o professor.
“O Tecnova permitiu, por exemplo, que eu, um professor universitário, me aproximasse da conversão da ideia num benefício social. Isso por si só é uma maravilha, e esses exemplos vão estimular outros pesquisadores para a gente começar a alavancar esse contexto, essencial para que a tecnologia chegue de fato para o alagoano e para o Brasil, e com o suporte da universidade”, frisou o empreendedor.
Vinculada à Secretaria de Estado da Ciência, da Tecnologia e da Inovação, a Fapeal é co-executora dos programas Tecnova 2 AL e Mentoring Team.