O resultado da MRV no quarto trimestre preocupou analistas dos principais bancos de investimento, que ressaltam aspectos como a alavancagem muito acima de níveis saudáveis, margens abaixo da expectativa e ainda a pressão nos custos.
Desde o início do pregão, as ações da construtora figuram entre as principais baixas do Ibovespa. O papel chegou a abrir em queda de mais de 6% e, por volta das 15h30, recuava 1%. O mercado, vale lembrar, também já havia se frustrado com números do terceiro trimestre. Considerando o acumulado do ano, as ações da MRV estão entre os piores desempenhos do Ibovespa. Desde janeiro, o papel já recuou mais de 32% em bolsa.
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No balanço divulgado ontem à noite, a MRV registrou prejuízo líquido de R$ 105 milhões no quarto trimestre, ante prejuízo de R$ 333,4 milhões em igual período do ano anterior. Pelo lado mais positivo, houve avanço de 17% na receita líquida, em R$ 1,9 bilhão, e alta na margem bruta, que chegou a 27,4% no trimestre. Mas não foi o suficiente para animar o mercado.
Entre os analistas, XP e Citi apontam que as margens e o resultado líquido vieram bem abaixo das expectativas que tinham para os números. O BTG, por exemplo, previa uma margem bruta maior, a 27,7%. Mais otimistas, Bradesco BBI e Itaú BBA destacaram o trabalho de recuperação nas margens brutas feito pela companhia. É consenso, no entanto, que a melhora ainda precisa se refletir em geração recorrente de caixa — e logo.
É o que diz também o Goldman, que alertou ainda sobre a alavancagem. Em relatório publicado mais cedo, os analistas consideraram que, apesar da relação dívida líquida pelo patrimônio líquido ter inclusive melhorado em relação ao trimestre anterior, de 78% para 75%, é a perspectiva futura que preocupa mais. Os passivos com cessão de crédito, explorados com a venda de recebíveis, subiram quase seis vezes, de R$ 358 milhões no fim de 2022 para mais de R$ 2 bilhões no último período.
O BTG estuda uma revisão do papel, com base nos resultados abaixo das expectativas apresentados ontem. O banco por enquanto mantém a recomendação de compra e preço-alvo de R$ 17 para a ação. "Na nossa visão, os números operacionais foram bons, mas o P&L da MRV ainda sofre muito com os projetos lançados em 2021-22. Como a empresa adiou a construção desses projetos, continuará prejudicando o resultado por um tempo", escrevem Gustavo Cambauva e Elvis Credendio, do BTG. "Planejamos revisar nossos números em breve."
Na call com analistas pela manhã, os copresidentes Rafael Menin e Eduardo Fischer concentraram os esforços em destacar o que pode ser positivo no médio e longo prazo. Os executivos mencionaram a liberação do FGTS Futuro, que o mercado aguarda ainda em março, e do regime de tributação RET 1. Ambos podem destravar valor significativamente para a companhia e outras concorrentes no setor, tanto na ponta da demanda, com um consumidor mais capitalizado, quanto na parte de custos fiscais.
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