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Evandro Mello é CEO e fundador da Multiplicando Sonhos, associação sem fins lucrativos que tem como missão transformar a vida de jovens de escolas públicas através da educação financeira. Nascido na zona leste de São Paulo, é graduando em administração com ênfase em Comércio Exterior e estuda Psicologia Econômica e Tomada de Decisão.
Escreve aos sábados, a cada 15 dias
Você certamente já ouviu falar sobre como a nossa família e o modelo em que fomos criados interferem na forma como enxergamos e lidamos com o dinheiro. Ainda crianças, escutamos nossos pais falando – por vezes, brigando – sobre finanças. Seja pela falta ou pelo excesso, o dinheiro sempre impacta as relações familiares. E no caso da Larissa Manoela, uma atriz que começou a construir uma fortuna ainda criança com o apoio de seus pais, não seria diferente.
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Exemplos não faltam, tanto na vida real, quanto na dramaturgia. Vão de Britney Spears e o entrave com seu pai, até a série Succession, da HBO, que conquistou uma legião de fãs ao mostrar o drama de uma família bilionária na gestão de sua empresa. Esse tipo de história prende o público porque todos nos identificamos com esse tipo de conflito – mesmo que a maioria de nós tenha muito menos dígitos na conta bancária.
A atriz reclama que mesmo depois de atingir a maioridade, seu dinheiro era completamente gerido pelos pais e não havia transparência, ou seja, ela não sabia exatamente como suas empresas funcionavam, quanto dinheiro entrava e quanto saía. Em contrapartida, a mãe de Larissa alega que ela e o marido pecaram pelo excesso de zelo.
O caso exemplifica algo que já disse por aqui em outro artigo: a falta de educação financeira e transparência (o que no mundo dos negócios chamamos de governança corporativa), gera rachaduras nas relações familiares e em empresas. E quando essas duas instituições andam juntas, o estrago pode ser ainda maior.
De acordo com o professor de finanças e conselheiro da Multiplicando Sonhos, André Massaro, a educação financeira deve caminhar junto com o estímulo da autonomia e a noção de responsabilidade. E isso precisa ser feito aos poucos, de forma contínua, desde a infância.
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“Ainda na infância, é preciso aprender que o dinheiro não vem do nada, que ele tem uma origem e que é preciso trabalhar”, diz Massaro. “Quando possível, deve-se colocar a criança participando da gestão do lar. Ainda que não seja colocando dinheiro dentro de casa, como é o caso aí de uma criança prodígio como a Larissa, a criança deve contribuir participando de atividades”, aconselha. Isso é importante para que ela entenda que, na sociedade, é preciso contribuir de alguma forma.
Conforme a criança atinge certa maturidade e começa a realizar atividades sozinhas que envolvam dinheiro, como ir a um passeio da escola, sair com colegas etc, a prática da mesada é uma forma interessante de estimular a gestão financeira. Para isso, é importante que o valor seja determinado junto à criança ou ao adolescente, conforme os gastos que ela tem e o padrão de vida da família.
O jovem deve entender que os recursos são finitos e que por isso é preciso fazer escolhas sobre onde gastar ou não o dinheiro da mesada. “Isso força a criança a se organizar”, diz Massaro.
À medida em que os filhos vão adquirindo autonomia e responsabilidade para fazer boas escolhas financeiras, os pais devem soltar suas mãos, aos poucos. E, claro, quando os filhos atingem a maioridade, é importante deixá-los caminhar com as próprias pernas, ainda que prestando apoio.
Não tem jeito, quando o negócio e a família se misturam, é importante criar mecanismos de transparência e regras objetivas para minimizar conflitos. Determinar o que é responsabilidade de cada pessoa, quanto cada um ganha e qual é a participação de cada um no negócio é fundamental.
“Tem que estar ciente de que estão misturando vida profissional com vida pessoal. Essa ideia de que as duas coisas não vão se misturar é uma ilusão”, diz Massaro. “Mas isso não quer dizer que a empresa familiar não pode dar certo. Existem uma série de exemplos de empresas familiares bem sucedidas, em que as pessoas conseguem trabalhar juntas de maneira eficiente e sem tantos conflitos.”
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Tenho certeza de que os pais da Larissa contribuíram muito para o sucesso da atriz, fazendo a gestão de sua carreira ao longo de todos esses anos. E também de que hoje, com 22 anos, Larissa é capaz de ter maior autonomia sobre seus negócios e sua finança. Espero que eles consigam se alinhar e tomar a melhor decisão para que a família e os negócios caminhem bem, seja lado a lado, ou não.
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