Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo
Ainda que nos grandes centros seja cada vez mais comum o pagamento por meios eletrônicos, o dinheiro físico ainda é uma realidade para muitas pessoas, especialmente em regiões mais afastadas. No entanto, esse cenário está se transformando em velocidade recorde e ainda deve mudar (muito) no Brasil nos próximos anos. E em meio a tantas transformações, o pix deve ganhar um concorrente à altura, especialmente no comércio físico: as carteiras digitais. Pelo menos é isso que mostra o estudo The Global Payments Report, promovido pela Worldpay.
Segundo a pesquisa, o dinheiro em espécie representava 48% dos pagamentos feitos no Brasil em 2019. Em 2023, esse número caiu para 22% e a projeção é que ele seja apenas 12% em 2027.
O estudo mapeou 40 países e mostrou que o Brasil está mais avançado na digitalização dos pagamentos do que alguns países desenvolvidos. O Japão, por exemplo, tinha cerca de 64% dos pagamentos em dinheiro em 2019 e 41% em 2023. E previsão é que em 2027, o dinheiro seja 31% das transações no país asiático. O mesmo acontece com a Alemanha, que tinha 50% dos pagamentos feitos por dinheiro em 2019, 36% em 2023 e a projeção é que em 2027, o papel-moeda represente 29% dos pagamentos.
Na comparação com ambos os países, a realidade de 2023 do Brasil já é mais avançada na modernização dos meios de pagamento do que a previsão que eles têm para o futuro.
Por outro lado, ainda falta bastante para que o Brasil atinja o outro extremo. Nessa ponta, há países como Austrália e Noruega, em que o dinheiro era menos de 20% dos pagamentos em 2019 e deve representar no máximo 5% das transações até 2027.
Ainda assim, Juan Pablo D´Antiochia, vice-presidente sênior da Worldpay, afirma que o Brasil é um caso de sucesso na modernização dos meios de pagamento. Comparado aos seus pares na América Latina, ele é o país de maior destaque. "Em termos da redução do dinheiro físico, o Brasil é um dos países mais avançados. Combinando velocidade e tamanho do país, eu diria que é o país número um nesse sentido", afirma o executivo.
Ele destaca que uma das razões para que isso aconteça é o comprometimento do Banco Central com a agenda de avanço dos meios de pagamentos. "Antes, o Banco Central olhava para o que acontecia na Europa, por exemplo, e depois começou a deslanchar sozinho. Hoje, ele é um exemplo de iniciativa governamental bem feita. Na América Latina é o mais inovador, o mais ativo. É um banco central que entende muito o mercado e estuda muito o que vai fazer", diz.
Uma prova disso, segundo o executivo, é que uma das iniciativas de maior sucesso na modernização dos meios de pagamento é governamental: o pix. Ainda que as perspectivas para ele sejam positivas, especialmente no comércio eletrônico, o estudo mostrou que ele pode ganhar um concorrente à altura, especialmente no comércio físico.
Futuro do pagamento nas lojas on-line
Segundo o levantamento, os pagamentos diretos (também chamados de A2A, como é o caso do pix) devem ser os principais métodos de pagamento nos e-commerces em 2027.
Em 2023, o cartão de crédito representava 40% dos pagamentos em lojas on-line e a projeção é que ele caia para 27%. Já os métodos A2A eram 30% no ano passado e devem subir para 40%. Em terceiro lugar entre os métodos mais usados estão as carteiras digitais, que eram 16% em 2023 e devem seguir neste patamar em 2027.
No estudo, é considerado uma "carteira digital" diferentes tipos de instrumentos, que vão desde os próprios aplicativos de carteira (em que o usuário cadastra ali um cartão, como a Apple Pay, Samsung Pay e etc) até contas de pagamentos, como PicPay, Mercado Pago e ferramentas como o Paypal.
O cartão de débito, por sua vez, era 8% das transações em 2023 e deve cair para 4% do total em 2027.
Futuro do pagamento nas lojas físicas
Para as lojas físicas, o cenário é diferente. Segundo o levantamento, o principal método de pagamento atualmente é o cartão de crédito, que representava 36% em 2023. Em 2027, porém, ele deve cair para 30%.
Segundo a pesquisa, o cartão deve perder espaço para as carteiras digitais, que hoje são 18% e em 2027 devem representar 41%.
D´Antiochia, da Worldpay, afirma que esse crescimento das chamadas "wallets" virá, especialmente, do comportamento do próprio consumidor.
"No mundo virtual, a disputa das carteiras digitais é contra outros meios digitais. No mundo físico, é contra o dinheiro. E, hoje em dia, as pessoas saem sem carteira. Imagine que uma pessoa vai para a rua fazer qualquer coisa e sai sem nada, apenas com o celular. Se ela decide comprar algo, ela usa conta do Mercado Pago, por exemplo", afirma o executivo.
A força das carteiras digitais, no entanto, tende a puxar consigo, ainda que indiretamente, o cartão de crédito. Isso porque, muitas dessas ferramentas estão atreladas justamente a um cartão ali cadastrado.
O executivo reconhece que as carteiras têm um desafio no Brasil que é justamente suprir o pix, um produto já consolidado e que "caiu no gosto popular" em uma velocidade surpreendente. Mas, para ele, no fim das contas o resultado é positivo tanto para o consumidor e para os lojistas, que terão cada vez opções e, provavelmente, mais fáceis e baratas, tendo em vista que esse é o resultado mais comum de um aumento de concorrência.
Ainda de acordo com o levantamento, o dinheiro em espécie, que atualmente é o segundo meio mais usado nas lojas físicas, com 22%, deve cair para 12% em 2027. Já o cartão de débito, que hoje representa 20%, deve cair para 14%.
Recorte na América Latina
Segundo o levantamento, o declínio do uso de métodos de pós-pagamento (caso, por exemplo, do boleto bancário no Brasil) nos comércios eletrônicos tem ajudado nessa evolução, especialmente na América Latina. O estudo mostra que no Brasil, o boleto era responsável por 2,9% dos pagamentos do e-commerce em 2023. A expectativa é que ele represente 1% em 2027.
A pesquisa mostra que a expectativa é que, em 2027, os pagamentos do e-commerce da América Latina sejam majoritariamente feitos por carteiras digitais e transferências diretas.
Atualmente, os cartões de crédito representam 35% dos pagamentos das compras on-line na região, seguidos das carteiras digitais, com 21%, e dos pagamentos diretos, com 20%.
A expectativa é que em 2027 os cartões de crédito representem 26% dos pagamentos no e-commerce e que os pagamentos por meio de carteiras digitais subam para 28% do total. Já os pagamentos diretos devem representar 29%. O cartão de débito, por sua vez, hoje representa 15% das transações em lojas on-line na América Latina. Segundo o estudo, a estimativa é que eles sejam 11%.
O Valor Investe fará cobertura completa da agenda econômica aqui do Brasil e de fora, explicando o que cada um desses dados significa para o mercado e como, por fim, afetam a sua vida; acompanhe
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