Em menos de cinco anos, dinheiro será 12% das transações e pix ganhará concorrente à altura – Valor Investe

12 de maio de 2024

Por Nathália Larghi, Valor Investe — São Paulo

Ainda que nos grandes centros seja cada vez mais comum o pagamento por meios eletrônicos, o dinheiro físico ainda é uma realidade para muitas pessoas, especialmente em regiões mais afastadas. No entanto, esse cenário está se transformando em velocidade recorde e ainda deve mudar (muito) no Brasil nos próximos anos. E em meio a tantas transformações, o pix deve ganhar um concorrente à altura, especialmente no comércio físico: as carteiras digitais. Pelo menos é isso que mostra o estudo The Global Payments Report, promovido pela Worldpay.
Segundo a pesquisa, o dinheiro em espécie representava 48% dos pagamentos feitos no Brasil em 2019. Em 2023, esse número caiu para 22% e a projeção é que ele seja apenas 12% em 2027.
O estudo mapeou 40 países e mostrou que o Brasil está mais avançado na digitalização dos pagamentos do que alguns países desenvolvidos. O Japão, por exemplo, tinha cerca de 64% dos pagamentos em dinheiro em 2019 e 41% em 2023. E previsão é que em 2027, o dinheiro seja 31% das transações no país asiático. O mesmo acontece com a Alemanha, que tinha 50% dos pagamentos feitos por dinheiro em 2019, 36% em 2023 e a projeção é que em 2027, o papel-moeda represente 29% dos pagamentos.

Na comparação com ambos os países, a realidade de 2023 do Brasil já é mais avançada na modernização dos meios de pagamento do que a previsão que eles têm para o futuro.

Por outro lado, ainda falta bastante para que o Brasil atinja o outro extremo. Nessa ponta, há países como Austrália e Noruega, em que o dinheiro era menos de 20% dos pagamentos em 2019 e deve representar no máximo 5% das transações até 2027.
Ainda assim, Juan Pablo D´Antiochia, vice-presidente sênior da Worldpay, afirma que o Brasil é um caso de sucesso na modernização dos meios de pagamento. Comparado aos seus pares na América Latina, ele é o país de maior destaque. "Em termos da redução do dinheiro físico, o Brasil é um dos países mais avançados. Combinando velocidade e tamanho do país, eu diria que é o país número um nesse sentido", afirma o executivo.
Ele destaca que uma das razões para que isso aconteça é o comprometimento do Banco Central com a agenda de avanço dos meios de pagamentos. "Antes, o Banco Central olhava para o que acontecia na Europa, por exemplo, e depois começou a deslanchar sozinho. Hoje, ele é um exemplo de iniciativa governamental bem feita. Na América Latina é o mais inovador, o mais ativo. É um banco central que entende muito o mercado e estuda muito o que vai fazer", diz.
Uma prova disso, segundo o executivo, é que uma das iniciativas de maior sucesso na modernização dos meios de pagamento é governamental: o pix. Ainda que as perspectivas para ele sejam positivas, especialmente no comércio eletrônico, o estudo mostrou que ele pode ganhar um concorrente à altura, especialmente no comércio físico.

Futuro do pagamento nas lojas on-line

Segundo o levantamento, os pagamentos diretos (também chamados de A2A, como é o caso do pix) devem ser os principais métodos de pagamento nos e-commerces em 2027.
Em 2023, o cartão de crédito representava 40% dos pagamentos em lojas on-line e a projeção é que ele caia para 27%. os métodos A2A eram 30% no ano passado e devem subir para 40%. Em terceiro lugar entre os métodos mais usados estão as carteiras digitais, que eram 16% em 2023 e devem seguir neste patamar em 2027.
No estudo, é considerado uma "carteira digital" diferentes tipos de instrumentos, que vão desde os próprios aplicativos de carteira (em que o usuário cadastra ali um cartão, como a Apple Pay, Samsung Pay e etc) até contas de pagamentos, como PicPay, Mercado Pago e ferramentas como o Paypal.
O cartão de débito, por sua vez, era 8% das transações em 2023 e deve cair para 4% do total em 2027.

Futuro do pagamento nas lojas físicas

Para as lojas físicas, o cenário é diferente. Segundo o levantamento, o principal método de pagamento atualmente é o cartão de crédito, que representava 36% em 2023. Em 2027, porém, ele deve cair para 30%.

Segundo a pesquisa, o cartão deve perder espaço para as carteiras digitais, que hoje são 18% e em 2027 devem representar 41%.

D´Antiochia, da Worldpay, afirma que esse crescimento das chamadas "wallets" virá, especialmente, do comportamento do próprio consumidor.

"No mundo virtual, a disputa das carteiras digitais é contra outros meios digitais. No mundo físico, é contra o dinheiro. E, hoje em dia, as pessoas saem sem carteira. Imagine que uma pessoa vai para a rua fazer qualquer coisa e sai sem nada, apenas com o celular. Se ela decide comprar algo, ela usa conta do Mercado Pago, por exemplo", afirma o executivo.

A força das carteiras digitais, no entanto, tende a puxar consigo, ainda que indiretamente, o cartão de crédito. Isso porque, muitas dessas ferramentas estão atreladas justamente a um cartão ali cadastrado.
O executivo reconhece que as carteiras têm um desafio no Brasil que é justamente suprir o pix, um produto já consolidado e que "caiu no gosto popular" em uma velocidade surpreendente. Mas, para ele, no fim das contas o resultado é positivo tanto para o consumidor e para os lojistas, que terão cada vez opções e, provavelmente, mais fáceis e baratas, tendo em vista que esse é o resultado mais comum de um aumento de concorrência.
Ainda de acordo com o levantamento, o dinheiro em espécie, que atualmente é o segundo meio mais usado nas lojas físicas, com 22%, deve cair para 12% em 2027. Já o cartão de débito, que hoje representa 20%, deve cair para 14%.

Recorte na América Latina

Segundo o levantamento, o declínio do uso de métodos de pós-pagamento (caso, por exemplo, do boleto bancário no Brasil) nos comércios eletrônicos tem ajudado nessa evolução, especialmente na América Latina. O estudo mostra que no Brasil, o boleto era responsável por 2,9% dos pagamentos do e-commerce em 2023. A expectativa é que ele represente 1% em 2027.
A pesquisa mostra que a expectativa é que, em 2027, os pagamentos do e-commerce da América Latina sejam majoritariamente feitos por carteiras digitais e transferências diretas.
Atualmente, os cartões de crédito representam 35% dos pagamentos das compras on-line na região, seguidos das carteiras digitais, com 21%, e dos pagamentos diretos, com 20%.
A expectativa é que em 2027 os cartões de crédito representem 26% dos pagamentos no e-commerce e que os pagamentos por meio de carteiras digitais subam para 28% do total. Já os pagamentos diretos devem representar 29%. O cartão de débito, por sua vez, hoje representa 15% das transações em lojas on-line na América Latina. Segundo o estudo, a estimativa é que eles sejam 11%.
O Valor Investe fará cobertura completa da agenda econômica aqui do Brasil e de fora, explicando o que cada um desses dados significa para o mercado e como, por fim, afetam a sua vida; acompanhe
Tudo que você precisa saber para preencher sua declaração de Imposto de Renda 2024, que deve ser entregue até 31 de maio
Fim do mecanismo que permite ao trabalhador retirar todo ano, no mês de seu aniversário, uma determinada parcela do seu fundo de garantia é uma pauta do atual governo federal, que considera a possibilidade uma ameaça à sustentabilidade do FGTS
Todos os beneficiários do programa do Rio Grande do Sul – 620 mil famílias – vão receber o depósito na sexta-feira (17), independente do final do número do NIS
Governo vai antecipar as parcelas do abono salarial 2024 referente aos meses de junho, julho e agosto para todo o estado do Rio Grande do Sul, beneficiando 705.273 trabalhadores
Aposta com 22 cotas e sete números apostados foi feita no município Fundão, no Espírito Santo; 100 apostas acertaram cinco dezenas e vão receber R$ 38.633,40
Liberação da modalidade, conhecida como saque-calamidade, pode ser solicitada ao banco público por meio do aplicativo FGTS
Pacote de ajuda anunciado pelo governo federal ao estado é estimado em quase R$ 51 bilhões
Acionistas terão entre 13 de maio e 14 de junho para ajustarem as suas posições em lotes múltiplos de dez
Programa de trainee tem 100% das vagas destinadas a mulheres e pessoas pretas. Veja detalhes

source

Você está lendo:

Em menos de cinco anos, dinheiro será 12% das transações e pix ganhará concorrente à altura – Valor Investe

Facebook
Twitter
LinkedIn
Posso ajudar?
1