Início / Colunas / Dinheiro e felicidade: uma relação complexa
Ter dinheiro suficiente para proporcionar a si e a quem ama uma vida segura, com acesso à saúde, educação, abundância material e boas experiências, certamente traz um conforto emocional que nos torna mais felizes
Dinheiro traz felicidade? Quantas vezes você já ouviu essa pergunta? Eu ouço quase todo dia. É muito comum receber mensagens dizendo que eu incentivo as pessoas a correrem atrás do dinheiro, mas que isso não as fará mais felizes.
Acontece que eu tenho algumas ponderações a fazer sobre isso: primeiro, eu não incentivo ninguém a correr atrás do dinheiro. Ao contrário, eu desejo que as pessoas aprendam a lidar com dinheiro de forma planejada e consciente, justamente para não ter que correr atrás dele. E a segunda coisa é que dinheiro, em certa medida, pode trazer felicidade, sim.
Cinco estratégias para sair do vermelho na terceira idade
Seja utilizando papel e caneta, planilhas ou aplicativos, o primeiro passo é compreender as fontes de renda e as despesas. Isso inclui identificar os ganhos mensais e dividir as despesas em fixas e supérfluas. Também é importante projetar gastos emergenciais para ter uma ideia realista de quanto é necessário para viver bem, mesmo em um cenário negativo.
Após analisar as contas, é possível identificar áreas onde é possível reduzir custos. Mayara Sekertzis diz que reavaliou os próprios gastos e percebeu que pagava por serviços de streaming e televisão a cabo desnecessários. Cancelou alguns dos serviços, o que resultou em uma economia mensal de R$ 600. “Reavaliar permite entender onde é possível fazer trocas ou cortar certas coisas.”
Priorize o pagamento de dívidas com juros altos, como cartões de crédito e empréstimos pessoais. Concentre-se em quitar essas dívidas o mais rápido possível e busque negociar melhores condições de pagamento, se necessário.
Rodrigo Correa, estrategista-chefe da Nomos, também sugere considerar a possibilidade de consolidar as dívidas em um empréstimo com juros mais baixos. “Se possível, consolide dívidas caras em dívidas mais baratas, como o empréstimo consignado, por exemplo.”
Após o ajuste do orçamento, corte de gastos supérfluos e renegociação da dívida, é importante manter-se dentro do novo orçamento e evitar contrair novos empréstimos.
“É comum que, em alguns casos, os idosos aumentem suas despesas pessoais sob a justificativa de ‘aproveitar a vida’ ou ‘merecer’, mas isso pode levar a um descontrole financeiro que dificultará o pagamento de todas essas despesas ao longo da vida. Manter-se dentro do orçamento é fundamental”, afirma Fernando Lamounier, educador financeiro e diretor da Multimarcas Consórcios.
Outra mudança que deve ser feita é na carteira de investimentos, caso o idoso possua ativos financeiros. Jansen Costa, sócio-fundador da Fatorial Investimentos, sugere realocar os investimentos em ativos mais conservadores para reduzir o risco da carteira. Segundo ele, o risco pode afetar a rentabilidade a longo prazo, e a previsibilidade de uma carteira mais conservadora é extremamente relevante.
Se o idoso estiver aposentado, o tempo pode ser um recurso valioso para gerar renda extra por meio do trabalho. É importante considerar a possibilidade de buscar oportunidades de trabalho temporário, vender itens não utilizados ou oferecer serviços freelance com base em habilidades específicas. A pessoa pode explorar diferentes opções e encontrar maneiras de aproveitar suas habilidades e conhecimentos para ganhar dinheiro extra.
“Importante destacar que o idoso poderia buscar alguma atividade que seja interessante, que o entretenha e que o ajude a envelhecer com saúde. Evitar trabalhos extenuantes ou que coloquem em risco sua saúde deveria ser premissa aqui”, diz Lamounier.
Não tenha receio de buscar orientação financeira profissional. Um consultor financeiro pode ajudá-lo a criar um plano de ação personalizado, fornecer estratégias para gerenciar suas dívidas e oferecer conselhos sobre investimentos. Além disso, eles podem auxiliá-lo a compreender melhor seus direitos e benefícios como idoso, incluindo programas de assistência social e cuidados de saúde.
“Lembre-se de que a chave para sair do vermelho financeiro é ter disciplina, paciência e perseverança. Seja realista em suas expectativas e esteja disposto a fazer ajustes em seu estilo de vida para alcançar a estabilidade financeira. Com dedicação e um plano bem elaborado, é possível conquistar uma vida financeira mais saudável”, afirma Correa.
Em segundo lugar, o grupo de pessoas com idades entre 41 e 60 anos registrou um aumento de 14,4% no número de inadimplentes no mesmo período.
Seja utilizando papel e caneta, planilhas ou aplicativos, o primeiro passo é compreender as fontes de renda e as despesas. Isso inclui identificar os ganhos mensais e dividir as despesas em fixas e supérfluas. Também é importante projetar gastos emergenciais para ter uma ideia realista de quanto é necessário para viver bem, mesmo em um cenário negativo.
Após analisar as contas, é possível identificar áreas onde é possível reduzir custos. Mayara Sekertzis diz que reavaliou os próprios gastos e percebeu que pagava por serviços de streaming e televisão a cabo desnecessários. Cancelou alguns dos serviços, o que resultou em uma economia mensal de R$ 600. “Reavaliar permite entender onde é possível fazer trocas ou cortar certas coisas.”
É óbvio que o dinheiro em si não te fará uma pessoa feliz, a felicidade é um conceito subjetivo e pode ser influenciada por muitos fatores, incluindo dinheiro. Muitas pessoas dizem que o dinheiro pode comprar felicidade, enquanto outras argumentam que a felicidade independe da riqueza material. Ambas estão corretas.
Ter dinheiro suficiente para proporcionar a si e a quem ama uma vida segura, com acesso à saúde, educação, abundância material e boas experiências, certamente traz um conforto emocional que nos torna mais felizes. Por outro lado, é inquestionável que a felicidade para cada um é definida também por inúmeros fatores que não podem ser comprados. Então, a meu ver, a felicidade ligada ao dinheiro, tem a ver com o tipo de relação que você tem com ele.
O simples fato de ter dinheiro não garante felicidade, afinal, não são poucos os exemplos de pessoas que gastam todo o seu tempo e energia para acumular dinheiro, e por focarem totalmente nisso, não conseguem usufruir de momentos realmente felizes ao lado de quem amam. No entanto, dissociar 100% felicidade e dinheiro também não é inteligente, pois não ter dinheiro, sem dúvida alguma, trará experiências de privação que são fonte de estresse e infelicidade.
Um estudo recente publicado por Daniel Kahneman e Matthew Killingsworth na revista Proceedings of the National Academy of Sciences aponta que a felicidade pode continuar a aumentar com a renda, mesmo além de US$ 75.000 por ano, o limite anteriormente proposto por Kahneman em um estudo de 2010.
O estudo mais recente foi ajustado pela inflação e entrevistou nos Estados Unidos mais de 33 mil pessoas com idades entre 18 e 65 anos, economicamente ativas e com renda familiar de pelo menos US$ 10.000 por ano.
Os participantes foram solicitados a relatar seus sentimentos em intervalos aleatórios durante o dia por meio de um aplicativo de smartphone chamado Track Your Happiness, desenvolvido por Killingsworth. Os resultados mostraram que a felicidade continua a aumentar com a renda mesmo na faixa alta de renda para a maioria das pessoas.
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No entanto, não podemos desconsiderar que a felicidade é um conceito que varia de pessoa para pessoa. Além disso, outros fatores, como relacionamentos, saúde e realização pessoal, também podem desempenhar um papel importante na felicidade geral de uma pessoa.
Sendo assim, a combinação entre todos os aspectos emocionais e subjetivos que podem definir níveis de felicidade, com decisões financeiras que o distanciem do estresse ocasionado por dívidas, privações materiais ou mesmo dependência de terceiros em relações pouco saudáveis, constituem a base da construção de uma vida feliz, independente do que o conceito signifique para cada pessoa.
Há estudos científicos que demonstram que perseguir e alcançar metas é um fator de realização pessoal muito relevante. Trazendo isso para o contexto financeiro, ter um planejamento com metas claras e devidamente precificadas é uma ferramenta importante para construir segurança financeira e alcançar uma vida mais estável e feliz.
Um bom planejamento financeiro ajuda a reduzir o estresse e a ansiedade associados às finanças pessoais e ao proporcionar a sensação de segurança e estabilidade, contribuirá para uma vida mais leve e feliz.
Além disso, o planejamento irá possibilitar decisões financeiras melhores e evitar erros comuns, como gastar demais, adquirir dívidas ou investir em produtos financeiros ruins.
Investir dinheiro de forma disciplinada e constante é uma parte importante do planejamento financeiro. Aprender a montar uma carteira de investimentos com diversificação equilibrada e em linha com metas de curto, médio e longo prazo é o melhor caminho para construir riqueza ao longo do tempo e assim, poder usufruir uma vida tranquila em que você possa fazer escolhas. Afinal, ter autonomia para escolher é, sem dúvida, um componente fundamental para a felicidade.
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Investir é um plano de longo prazo. Envolve tempo, paciência e disciplina, mas é o esforço necessário para ter uma vida que te proporcione tranquilidade, e esse é o meu ponto: o dinheiro sozinho não é um raio instantâneo para trazer felicidade, mas a autonomia, tranquilidade e independência que ele proporciona quando você aprende a usá-lo em seu favor, te fará uma pessoa mais feliz.
Dinheiro não compra felicidade, mas compra duas das coisas que fazem parte do caminho para alcançá-la: conhecimento e tempo. Tendo essas duas coisas, é muito provável que você consiga viver a vida que vale a pena ser vivida, com propósito e em linha com seus sonhos e valores pessoais, e isso traz muita felicidade.
Eduardo Mira é formado em telecomunicações, com pós-graduação em pedagogia empresarial e MBA em gestão de investimento. É analista CNPI, certificado CPA10 e CPA20, ex-gerente do Banco do Brasil e da corretora Modal.
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