Com o apoio do Sebrae, micro e pequenos negócios representativos do setor de alimentos e bebidas participam da Anuga Select Brazil, maior feira do segmento das Américas, com barras e drágeas de chocolate à base de cacau orgânico, cafés de terroir, cultivados em região vulcânica, mel de seiva da árvore bracatinga e castanhas brasileiras de origem controlada, entre outros itens que chamam a atenção em meio a profusão de opções industrializadas.
No evento B2B (empresa para empresas) que acontece em São Paulo (SP) de 9 a 11 de abril, empreendedores e cooperados inovadores exploram o apelo gourmet da fabricação em escala limitada de alimentos certificados e apostam na sustentabilidade de seus negócios. “Produtos e serviços diferenciados aumentam a chance de sobrevivência das micro e pequenas empresas”, afirma Luiz Rebelatto, analista da Unidade de Competitividade do Sebrae.
Novos mercados
Buscar novos mercados e chegar direto ao consumidor final, sem intermediários, está nos planos de Tião Aquino, à frente da Cooperacre, cooperativa de produtores de castanha, que reúne as regiões do Acre, Rondônia, Amazônia, Pará e Amapá. “Queremos tirar o atravessador e agregar o Pagamento de Serviço Socioambiental (PSSA) no custo final, que já é praticado na venda do látex.”
Assim como a castanha, o látex também é oriundo de floresta nativa. E, segundo Aquino, é o Acre e não o Pará o maior produtor do fruto. “O nome tem a ver com o processo final, o beneficiamento, que antigamente era feito no Pará”, explica.
Quem passava pelo espaço da cooperativa no estande do Sebrae parecia não se importar de qual estado eram as robustas e crocantes castanhas em degustação, comercializadas como “Castanha do Brasil”. “O Sebrae nos ajudou na elaboração da marca coletiva e no processo de rastreabilidade”, informava o gestor.
Já a Federação de Apicultores de Santa Catarina (Faasc) aproveita a oportunidade de estar na feira para expor o mel de melato da bracatinga, obtido a partir da seiva da árvore homônima. Exclusivo do planalto sul brasileiro, é mais escuro e viscoso que os similares florais e silvestre e com propriedades medicinais. “É um mel premiado, exportado para a Alemanha, mas precisamos explorar o mercado interno”, diz o apicultor João Victor Stanga, administrador da marca Sulmel.
Outra empresa que pretende ampliar o mercado interno é a Clemens, de chocolates artesanais. Com foco em drágeas e barras com alto teor de cacau orgânico da Bahia, valorizados em embalagens coloridas, a fábrica e loja nasceram em Brasília com o conceito bean-to- bar (do grão à barra), em janeiro de 2020. “Contamos com o apoio do Sebrae desde o plano de negócios”, lembra o fundador Mário Gisi.
Da região de Minas Gerais, o Sebrae trouxe os cafés da região vulcânica, cultivados também em municípios fronteiriços do Estado de São Paulo, como São Sebastião da Grama. “Percebemos o terroir incrível para a produção de cafés especiais e resolvemos ampliar a nossa marca”, conta Cristina Meirelles, da família proprietária do
Café Fazenda Floresta. O produto é vendido em empórios e cafeterias já que as exigências das grandes redes de supermercados, segundo ela, inviabilizam qualquer tipo de parceria comercial.
De fato, diz Rebelatto, o pequeno empreendedor tem que buscar no mercado um comércio que reconheça o valor do seu produto. “O foco final é o consumidor mais consciente, que se preocupa com o que leva à mesa”, reforça.
Por sinal, o programa “Do Brasil à Mesa – produtos de origem”, do Sebrae Nacional, aproveita o evento para divulgar a plataforma digital que cataloga produtores nacionais de alimentos e bebidas diferenciados, como estratégia de promoção e divulgação dos micros e pequenos negócios.
Outra ferramenta que o Sebrae disponibiliza é um autodiagnóstico ESG (sigla em inglês para práticas de gestão responsável que levam em conta o impacto ambiental e social da empresa), disponível em sebrae.com.br/esg. “Adotar práticas sustentáveis não é custo, é investimento”, ressalta o analista da Unidade de Competitividade do Sebrae Bruno Lopes.
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