A maior aposta é agenda verde, junto aos desafios que prosseguem nas áreas social e da governança.
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As mudanças climáticas são um dos fatores mais palpáveis para a priorização da Agenda ESG. Nos últimos anos, os prejuízos sociais e econômicos advindos de desastres ambientais, temperaturas extremas, acenderam o sinal vermelho e se refletem no mercado. Em 2023, tanto no Brasil como em outros países, populações e patrimônios foram vitimados por enchentes, incêndios, ondas de calor e frio, entre outras situações que tornaram a preservação do meio ambiente um tema ainda mais urgente.
Sobre esse contexto, o estudo Global Catastrophe Recap, feito pela seguradora Aon, revela que entre os meses de janeiro a setembro de 2023 ocorreram 75 mil mortes, além de perdas econômicas avaliadas em US$ 295 bilhões. Esse passivo humano e financeiro é, de acordo com o estudo, um resultado direto de eventos climáticos destrutivos. 
O mercado corporativo brasileiro está ciente da relevância de levar e conta e atuar para redução dos impactos das mudanças climáticas sobre pessoas e economias, assim como o atual governo federal, os grandes veículos de comunicação e a sociedade, marcadamente em manifestações nas redes sociais, diante da realidade dos últimos meses. Podemos destacar os períodos prolongados de ondas de calor em vários estados e as enchentes no sul do país, por exemplo.
O “Panorama  2024” da Ancham Brasil traz respostas de 694 executivos do país em relação a quais tendência mais vão impactar os negócios em 2024. Nessa pesquisa, 51% dos profissionais questionados indicaram a Agenda ESG como uma dessas tendências, apontando a necessidade de implantação de medidas que promovam melhorias ao meio ambiente, no aspecto social e na governança das empresas.
Nesse estudo, estão indicadas as 10 principais tendências que devem concentrar a atenção das empresas em 2024. A tecnologia, a inovação, a sustentabilidade, o uso de recursos digitais moldando o ambiente de trabalho se refletem nos resultados.
Pela ordem de relevância, as tendências são: IA (1º), ESG (2º), Produtos e Serviços digitais (3º), Big Data (4º), Trabalho Híbrido (5º), Energia Renovável (6º), Cibersegurança (7º), Internet das Coisas (8º), Computação em nuvem (9º) e Economia circular (10º). Ressaltamos que sete delas se relacionam com a transformação digital e três têm vínculos com a agenda verde.
O “Panoram Ancham” revela consciência do valor estratégico da Agenda ESG, que segue em 2024 no mesmo 2º lugar em que se destacou em 2023, junto com a importância da tecnologia.  “Ao mesmo tempo em que as empresas buscam incorporar os benefícios de inovações tecnológicas como a inteligência artificial e Big Data, elas têm evoluído em suas responsabilidades com o meio ambiente e com a sociedade. Esses fatores serão decisivos para o êxito, a relevância e a própria existência dos negócios”, resumiu o CEO da Amcham, Abrão Neto.
Também no mercado de investimentos se confirma a ampliação da busca por empresas que tenham responsabilidade ambiental, cuidado social e governança corporativa como parte de seus valores e metas. Segundo dados Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), houve um aumento de 74% no número de fundos de ações que se enquadram na temática sustentabilidade e de governança corporativa entre 2008 a março de 2022.
Esse crescimento que se firmou em 2023 é uma realidade para 2024, com a adoção de estratégias para capacitar quem opera o mercado para identificar oportunidades. Nessa seara, a Anbima tem atuado para criar soluções. Por exemplo, em julho de 2023, a Associação  lançou o ANBIMA Edu, um aplicativo educacional, gratuito, que visa qualificar os profissionais que trabalham no mercado financeiro ou buscam colocação, a partir de conteúdos que incluem Investimento ESG, ESG no mercado financeiro, Cálculo Financeiro, Criptoeconomia no Mercado Financeiro, entre outros.
“Ao longo do tempo, vimos a sustentabilidade deixar de ser apenas uma área insular dentro das empresas para ganhar corpo com estratégias, governança, objetivos, métricas e políticas corporativas para acompanhar as regulações emergentes. Hoje, está muito claro que a sustentabilidade precisa permear toda a companhia porque não se trata mais de escolher se quer, ou não, ser sustentável”, diz Marcelo Billi, head de Sustentabilidade, Inovação e Educação da Anbima.
O deslocamento da pauta ESG de um lugar marginal para o centro, tornando-se mais hegemônica nos processos decisórios de negócios, investimentos, governos, processos eleitorais e políticos, vai tornando-se realidade. Nesse sentido, a padronização de informações relacionadas com a agenda ESG precisa avançar para que se aumente a confiança do mercado, de acionistas, de quem integra as cadeias produtivas e está no dia a dia das corporações. O investimento precisa ter marcadores objetivos e ser mensurado continuamente para que se recalcule rotas, quando necessário,  ou se amplie o que está dando certo.
Os processos de sustentabilidade, responsabilidade social e governança devem integrar as culturas organizacionais. É preciso melhorar a atuação a partir da agenda ESG em todas as etapas, do fornecimento da matéria prima, passando pela distribuição e comercialização. A origem dos produtos, assim as condições trabalhistas e práticas ambientais de fornecedores precisa atender aos padrões éticos e sustentáveis para que se garanta a conformidade com os princípios. O cuidado de ponta a ponta aumenta o grau de confiança e se reflete em confiabilidade dentro das empresas, no mercado de investimentos, na opinião de quem forma opinião e da sociedade em geral.
Finalmente, para 2024, a recomendação é atenção com o todo em relação à agenda ESG. Esse olhar alerta deve existir em todas as áreas de negócio e/ou para quem está na posição de orientar ou realizar investimentos. Para isso, recomenda-se avaliar, se informar, além de manter a atenção sobre as cadeias produtivas. O olhar acurado aqui é para estar não apenas sobre o que se obtém como produto final, mas sobre cada processo envolvido, uma observação contínua que é urgente nesse contexto. 
As informações desta coluna são de inteira responsabilidade do autor e não do InvestNews e das instituições com as quais ele possui ligação.

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Alan Soares é um empreendedor social reconhecido internacionalmente. Além de especialista em negócios é um dos fundadores do Movimento Black Money, onde utiliza seu conhecimento em prol da liberdade financeira da comunidade negra no Brasil.
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